sexta-feira, 23 de julho de 2021

Resenha: Memórias de Marta

     Olá, leitores! Tudo bem? A resenha de hoje é de um clássico da literatura nacional.


Título: Memórias de Marta

Autora: Júlia Lopes de Almeida

Páginas: 144

Idioma: Português

Classificação: +12

Editora: Delirium


Livro cedido pela editora.


SINOPSE: Memórias de Marta é o primeiro romance — alguns se referem à obra como ensaio de romance — de Júlia Lopes de Almeida, publicado em 1888, inicialmente em folhetim e posteriormente compilado em livro. Como o próprio título entrega, o livro, narrado em primeira pessoa, conta a história de Marta, desde a infância até perto dos quarenta anos de idade, o presente na narrativa. A maior parte da trama desenvolve-se dentro de um cortiço, tendo como cenário principal a Capital do Império à época, o Rio de Janeiro. Quando criança, a protagonista perde o pai, e, com isso, a mãe, também chamada Marta, é forçada a trabalhar como engomadeira, para sustentá-las. O dinheiro recebido com esse serviço é pouco e obriga ambas a viverem em um cortiço. Marta sente a aversão pelo lugar, que é úmido, fétido, perto de um matadouro. Ela almeja sair do cortiço, pelo asco, pela ojeriza e para fugir da humilhação da pobreza, e isso será possível a partir do momento em que entra para a escola e conhece a sua professora, D. Aninha. O relato, que relembra sua sofrida trajetória e a busca por melhores condições de vida para ela e para sua mãe, é mais que uma procura por felicidade, carinho, realização de sonhos improváveis e aceitação de uma existência, às vezes tediosa, sem amor, riqueza ou luxo; é também a valorização da sua posição de independência e da capacidade feminina de em superarem desafios.


"Por que não teria eu igual direito a possuir tudo, igual a Lucinda, sem pedir ou aceitar esmolas? E por que me fazia tão mal essa palavra, a mim, que nada conhecia do mundo?"


    Essa é uma obra antiga, porém muito atual. 

    Marta perde o pai ainda muito pequena, lembra-se apenas se não querer beijá-lo no caixão, contudo não guarda lembranças bonitas com ela. Era como se sua morte não fizesse diferença em sua vida, pois nunca tiveram a oportunidade de criar um vínculo afetivo. Após a perda, ela e a mãe tiveram que se mudar para um cortiço, pois o dinheiro ficara escasso e o pouco que a mãe ganhava trabalhando de engomadeira mal dava para comprar comida.

    Nossa narradora nos mostra como sua vida fora modificada, todos os males que passou ao lado da mãe até que crescesse. Tudo o que desejava era conseguir dar uma condição de vida melhor para a mãe. É uma obra que nos arranca lágrimas e nos remete a refletir sobre a sociedade e sua cruel realidade. 

    Originalmente escrita em 1888, já podemos ter uma ideia da realidade que nos aguarda nessa história. Marta viu de perto a pobreza e sentiu inveja de quem tinha uma vida melhor, ou que parecia ser assim.

    Todos os personagens apresentados tem o papel fundamental de fazer com que o leitor reflita se a sociedade atual mudou ou se ainda vivemos daquela forma. Em poucas páginas essa autora tão fenomenal te faz conhecer uma verdade nua e cruel da realidade. 

    Mantenha a calma! O ponto forte da história é o relacionamento entre mãe e filha! Apesar da narrativa de Marta, é sua mãe quem ganha todo o destaque. Que mulher forte! Jamais desistiu até ter certeza que a filha ficaria bem e segura, isso me fez refletir diversas vezes sobre o meu relacionamento com a minha mãe. Como é o teu relacionamento com a sua mãe?

    Essa história está em Domínio Público, o diferencial dessa edição da Editora Delirium é que a autora Camila Pelegrini, juntamente de toda a equipe da da editora, realizaram um trabalho incrível na edição, trazendo uma seleção fotografias da época, textos com curiosidades sobre a autora e sua obra, e uma nova revisão do texto que- preservando a obra originalmente escrita- modifica palavras que nos tempos de hoje nos remetem a termos racistas.

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