segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Resenha: Desconstruindo Una

     Olá, leitores! Tudo bem? A resenha de hoje é sobre um quadrinho da Editora Nemo (selo Autêntica) que me fez refletir (e muito!) sobre violência de gênero e ainda derramar um rio de lágrimas com a história forte (e real) da autora. Prontos para conhecer Una?


Título: Desconstruindo Una
Autora: Una
Páginas: 208
Idioma: Inglês
Classificação: +16
Editora: Nemo

SINOPSE: UM RELATO ALARMANTE SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO - West Yorkshire, 1977. Um assassino em série está aterrorizando o condado inglês, e a polícia encontra dificuldade em resolver o caso – mesmo tendo interrogado o assassino (sem o saber) nada menos que nove vezes. Enquanto a história se desenvolve ao seu redor, Una, então com 12 anos, vivencia uma série de atos violentos, pelos quais se culpa. Por meio de um entrelace de imagem e texto, Desconstruindo Una examina o significado de se crescer em meio a uma cultura na qual a violência masculina não é punida ou questionada. Com uma retrospectiva de sua vida, Una explora sua experiência e se pergunta se algo realmente mudou, desafiando a cultura que exige que as vítimas de violência paguem por ela.“Inflexível, devastador e irresistível. A história de Una revela como o silenciamento público da voz das mulheres dá, constantemente, origem a infernos particulares.

"Talvez seja mais fácil ver isso como apenas mais uma história se você não pertence ao grupo de pessoas que o Estripador queria matar."

    Era 1977. O Estripador de Yorkshire- grande imitador de Jack, o Estripador- assombrava as mulheres que saíam sozinhas de suas casas. Ninguém sabia quem ele era ou qual seu método para escolher suas vítimas, no entanto, uma coisa era certa: Elas seriam abusadas e iriam morrer. Chegaram a dizer que ele matava apenas prostitutas e que foi um enviado de Deus para acabar com elas, mas quer saber a real? Não queriam aceitar que seu objetivo era matar mulheres, independente de quem elas fossem.

    Una, a autora da HQ, nos conta a história de sua adolescência durante esse período tão medonho, fazendo analogias do Estripador com seus próprios abusadores... Pois é, essa não é uma GN para crianças, tampouco para aqueles que tem estômago fraco ou que já sofreram algum tipo de abuso e não estão prontos para encarar o assunto. É impossível não sofrer ao conhecer a história de Una e tudo o que ela teve que enfrentar ainda tão jovem até se tornar a mulher incrível- mesmo que quebrada- de agora.

    Em 1975 - com apenas 10 anos - Una sofreu seu primeiro trauma nas mãos de Damian, 10 anos mais velho. Ninguém percebeu as mudanças sutis que aconteceram com a menina após o "incidente". Isso me causou uma revolta tremenda! A autora nos faz sentir revolta com a sociedade que sempre dá um jeito de proteger o assediador, mas nunca a vítima. Quantas mulheres você conhece já sofreram algum tipo de abuso? Quantas você sabe que denunciaram? Os dados são assustadores! Basta uma pesquisa rápida no Google que irá descobrir que- ainda hoje- uma a cada 10 mulheres sofrem algum tipo de violência, principalmente agora com a pandemia.

    Ler esse livro me destruiu. Fiquei muito mal por horas. A vida de Una foi coberta por muitos julgamentos e nenhuma ajuda, e conforme ela narra sua trajetória, também nos apresenta a injustiça que as mulheres- vítimas ou não- do Estripador passaram. Até quando a culpa será da mulher e não do abusador?

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