Dois de maio de dois mil e dez, Samuel Schneider teve um infarte nos braços de Samanta.Terrível? Se existir uma palavra pior do que esta, por favor me avisem... O pior senti, estava triste demais. Não sabia que a morte de papai seria assim tão cruel! Me sentia despedaçada, precisava conversar com alguém para me sentir melhor, mas quem? Fernando!
Corri em direção ao computador, liguei-o. Conectei a internet e logo entrei no MSN. Para meu grande alívio, ele estava online.
Conversei com ele e tive mais uma grande decepção! Ele disse que viria para minha cidade para encontrar-se com a "amada" e a "amiga". Amada? Quem ele estaria amando? Só poderia ser uma pessoa... Marrie.
Fiquei vermelha, nervosa, exausta pelo dia decepcionante que estava levando. Queria que o mundo acabasse ali, naquele momento. Que o tal de aquecimento global destruísse aquela pequena cidade e me levasse para junto de meu pai o qual eu tanto amava.
Não demorou muito para mamãe chegar em casa e vir até mim.
- Saori, filha, mamãe chegou e trouxe companhia para você, a Marrie.
Queria mandá-la embora, mas fui gentil.
- Olá querida prima, como foi o aniversário?
- Péssimo! - Marrie me respondeu, enquanto suspirava. - Eu fiquei imensamente decepcionada com o internamento de meu tio Samuel e estava na expectativa de que ele melhorasse. Que Deus o tenha.
Falsa. Ela nunca gostou de meu pai e agora fica se fazendo de coitadinha na frente de minha mãe, que ódio!
Fiquei uma semana sem falar com Fernando e com a morte de meu pai acabei entrando em depressão.
Uma semana e três dias, Marrie apareceu em casa, rindo, feliz da vida. Perguntei o que estava acontecendo, mas fiquei sem ação após a resposta. Ela disse que Fernando estava na cidade, não conseguia acreditar! Fernando por aqui? Não seria possível...
- Ele está em minha casa querendo lhe ver, prima!
Choque completo, meu coração queria saltar pela boca.
- Me acompanha, prima?
- Ahn... Tá... Tá...
Fui com ela, tremendo demais. Chegando em frente à casa de Marrie, lembrei-me do que Fernando havia me dito:"- Quero ver a minha amada e a minha amiga." Queria chorar, ir embora, fugir dali. Não aguentaria vê-lo chamar-me de amiga e chamar Marrie de amada. Seria um impacto profundo que me levaria diretamente a cova, onde eu não estava longe de chegar.
- O que foi, Saori? Tem algo de errado contigo?
- Ahn, é que... Marrie...
Não pude terminar a frase, ele abraçou-me com um sorriso radiante na face, o mais lindo que já vi em toda a minha vida.
- Saori, minha querida! - a voz dele era a mais perfeita já ouvida.
Sim, era ele mesmo, eu podia sentir! Com aquele abraço tão gostoso lembrei-me de nossas conversas. Alto, cabelos castanhos escuros, nem gordo, nem magro. Para meus olhos? Um homem mais que perfeito.
- Oi, Fernando...
Sorri, corada.
- Você é linda!
- Err... - o que ele queria, afinal? Me fazer ficar que nem um pimentão? - Obrigada!
Não via mais Marrie por ali, o que me deixava mais confortável. Não me importava com a presença dela, mas naquele momento queria que todos sumissem e restasse apenas Fernando e eu.
- Estava ansioso demais para vê-la! Queria perguntar-lhe por que saiu de repente aquele dia do MSN e nunca mais retornou, fiquei preocupado.
- Eu estava meio triste naquele dia, meu pai havia falecido...
- E por que não me contara?
- Posso explicar em um lugar melhor.
Fomos para uma praça, pois não queríamos incomodar ninguém. E o tempo correu... Ficamos a tarde toda conversando sobre nossas vidas, relacionamentos... Tudo! Principalmente o que fizemos no curto tempo em que não compareci.
Por volta das dezessete horas, tive que me despedir dele, mesmo sem querer. Ele segurou em minhas mãos.
- Adorei te conhecer, Saori. Me chame amanhã para conversarmos novamente, amiga.
Amiga? AMIGA? Não me aguentei...
- Fernando, você e a Marrie...
- O que tem?
- Err...
Ele sorriu, eu permaneci extremamente séria, com medo.
- Você a ama?
- Amor?
- Sim.
- Não... Ciúmes?
Corei, tenho certeza.
- Não, jamais...
- Não há motivos algum para ficar assim, Saori.
- Bem, acabei com nosso dia! Vá atrás de sua "amada" porque sua "amiga" está indo embora.
- Saori, espere!
Puxou-me pelo braço quando havia tentado correr, senti-me ainda mais trêmula e corada quando senti meu corpo colar ao dele.
- O que foi, Fernando?
- Você entendeu tudo errado, quem eu amo está bem aqui na minha frente.
Parecia que iria morrer de tanto tremer, o corpo dele parecia um mar de chamas! Assim foi meu primeiro beijo. Leve, macio, carinhoso... Fernando!