quarta-feira, 15 de maio de 2013

Paixões Erradas - 3. Pra que se precipitar?

   Nossa, quando a Isa disse que apenas uma "coisinha" iria mudar, pensei que fosse algo pequeno como a palavra demonstrava. Mas não. O que Isa quis dizer exatamente foi: Dérick e Botan Minamino iriam fazer parte de nossas vidas agora em diante.
   Mas que horror! Um nerd, uma garota bonita, um cara metido a estranho e uma garota mais estranha ainda. Que tipo de grupo de amigos Isabella estava querendo formar? É ridículo, não darei uma semana até que isso se desfaça. Dérick e eu não nos suportamos e nunca vamos ser amigos! Pelo menos foi o que pensei...
   Com o passar do tempo, Dérick e eu começamos a ser bons amigos, bem... Amigos até demais. Perto de seu aniversário, fiz um convite o qual impressionou Isa: Convidei-o para dormir em minha casa. Tudo bem, ele topou, mas avisou-me que não dorme de noite. Concordei com a cabeça e disse que aguento virar a noite acordado e ficar super bem no dia seguinte.
   Chegada a noite, arrumei meu quarto com muitas almofadas por cima do colchão que estava no chão para que ele ficasse confortável. Assim que ele chegou fui jantar, ofereci - como de costume -, mas ele usou a tradicional desculpa: "Acabei de jantar".
   Após isso fomos para o quarto, começamos a conversar. Papo vai, papo vem... E o camarada começou com uma história que me deixou assustado:
   - Se eu te contar um segredo, você me promete que nunca, em momento algum, contará para alguém?
   - Credo cara, o que está aconteceu? Somos amigos, Dérick. Confie em mim.
   - Fico muito feliz em saber que agora você é meu amigo, e posso confiar em você. É gratificante saber que conquistei sua amizade.
   - Tá, tá... Agora conte-me logo o que está pegando.
   Dérick respirou fundo, ficando um tanto tenso.
   - Sou um vampiro.
   - V... Vampiro?
   - É, vampiro.
   - Aí você acordou né?
   Segurei o riso, ele só pode estar fazendo uma brincadeira comigo, como naquelas pegadinhas da televisão, vamos lá: Onde estão as câmeras?
   - Dérick... Na boa... Tudo bem que você é um cara estranho, mas não precisa fazer isso para chamar a atenção! Vampiros não existem.
   - Edgar, nunca falei tão sério em toda minha vida... Sou realmente um vampiro! Meus olhos são um de cada cor naturalmente, ou acha que estou com lentes de contato? Um ainda está vermelho porque estou adaptando-me a não sugar mais sangue humano. Minha pele é fria. Você pode não ter percebido, mas a Isa sim. E ela está totalmente desconfiada.
   - Ainda sim acho que é uma pegadinha.
   - Então me toque.
   - Hm... Irei te machucar.
   - Quê?
   - Vampiros tem recomposição rápida, um corte em seu braço não será nada... Ou está blefando?
   - Vai fundo.
   Peguei uma faca de prata na cozinha bem silenciosamente para que meus irmãos não acordassem, ainda não acreditava no que Dérick estava falando, quanta bobeira! Não iria fazer um corte fundo, machucá-lo iria fazer Isa pensar que brigamos. Retornei ao quarto e aproximei-me dele, um pouco trêmulo. Segurei no braço dele, parecia que estava morto! É incrível como deixei passar tantos detalhes. Isso me deixou ainda mais trêmulo, aquilo não podia ser verdade.
   - Está com medo, Edgar?
   - Mas é claro que não!
   Estava sim, eu estava com muito medo, mas é óbvio que não iria admitir. Dérick segurou minha mão e atirou a faca contra sua barriga, perfurando-a. Tentei soltar a faca, mas Dérick segurava-me com força.
   - Isso é loucura! Pare com isso.
   - Você precisa acreditar agora.
   Não demorou muito para ele permitir que eu puxasse a faca, jogando-a em seguida no chão cheia de sangue. Dérick levantou a camisa branca que usava e mostrou sua barriga, intacta.
   Meu olhar fixou-se naquilo: o cara não sentiu nem um pingo de dor! Isso é masoquismo. A faca estava com sangue, mas onde está o ferimento?
   - Dérick... Sinistro! Onde aprendeu essa mágica? Muito boa.
   - Edgar! Não é mágica. Vampiros existem, eu sou um. Não bastou a prova? Quer que eu prove de outra maneira?
   - Calma! Não quero mais fazer papel de assassino. É que... Cara, isso está muito estranho. É difícil acreditar que o meu melhor amigo é um vampiro.
   Ele olhou-me friamente como no dia da praça, senti meus pelos arrepiarem dos pés a cabeça com um grande calafrio. O outro olho dele, negros como a noite, agora começava a ficar em um tom avermelhado e seus caninos tomaram forma: maiores do que de uma pantera. Agora sim era bem fácil de acreditar.
   - E agora, acredita que sou um vampiro, Edgar?
   - Caramba, você é mesmo um vampiro! Que assustador.
   - Agora sim.
   Voltou ao normal, mas eu ainda estava perplexo.
   - Diga-me, quantos anos você realmente tem?
   - Cento e cinquenta, sou novo ainda.
   - Agora é certo: você é o cara mais velho que a Isa já beijou.
   - Falando nela, não se esqueça de que isso é um segredo nosso, não conte a ninguém!